22 de março de 2009

Frevo e bolero




Nos últimos dias vinha tentando exercitar a estrutura do decassílabo e uma temática mais engajada, porém o esforço tem sido em vão, ficando as estrofes incompletas, as idéias presas na mente e os versos com pés quebrados.

Neste sábado, numa atitude desesperada, armei um cenário que julguei favorável à inspiração: liguei o som, peguei uma latinha de cerveja, liguei o micro, mas... nada.

Vez por outra um verso saindo capenga, mas nada de proveito. Inconformado com esta letargia, acabei escrevendo um desabafo neste metapoema:


Nesta tarde me quero assim recluso

Só entregue ao meu copo e aos meus discos

Absorto teclando os meus rabiscos

Cada qual mais disperso e mais confuso

Minha mente embotada por desuso

Não comunga os versos como eu quero

Para frente e pra trás, num lerolero

Sem ter rumo, sem base, sem relevo

Como quem se esforça em dançar frevo

Com alguém que só quer dançar bolero.


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