Nos últimos dias vinha tentando exercitar a estrutura do decassílabo e uma temática mais engajada, porém o esforço tem sido em vão, ficando as estrofes incompletas, as idéias presas na mente e os versos com pés quebrados.
Neste sábado, numa atitude desesperada, armei um cenário que julguei favorável à inspiração: liguei o som, peguei uma latinha de cerveja, liguei o micro, mas... nada.
Vez por outra um verso saindo capenga, mas nada de proveito. Inconformado com esta letargia, acabei escrevendo um desabafo neste metapoema:
Nesta tarde me quero assim recluso
Só entregue ao meu copo e aos meus discos
Absorto teclando os meus rabiscos
Cada qual mais disperso e mais confuso
Minha mente embotada por desuso
Não comunga os versos como eu quero
Para frente e pra trás, num lerolero
Sem ter rumo, sem base, sem relevo
Como quem se esforça em dançar frevo
Com alguém que só quer dançar bolero.
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