16 de agosto de 2009

Semente que vira fruto

O verso nem sempre vem
Manso, domado, contido
Às vezes só chega arisco
Sugerindo outro sentido
A mensagem se refaz
Perante a rima voraz
Deixa o poeta aturdido.

A poesia é a essência
Um estado puro e bruto
É por meio das palavras
Semente que vira fruto
Toma forma de poema
Dá solução ao problema
Assumindo outro atributo.

O metro não sendo algoz
Mas um recurso excelente
Constrói com rimas o ritmo
E estando este presente
Dá beleza e encantamento
Forte, fraco, rápido, lento
Conforme a voz que o invente.

E com palavras e seus sons
Molda-se divina massa
Que se entrega ao poeta
A qualquer hora e de graça
Amante pronta pro gozo
E ele sendo caprichoso
Com ela não se embaraça.

Se castiço ou desbocado
Se laudatório ou ferino
O poema faz seu rumo
Desenha o próprio destino
Nele havendo poesia
Peita toda hipocrisia
Vira oração, vira hino.

Ora vindo de veneta
Como o que se improvisa
Ora painel de azulejos
Justaposição precisa
Pedra assentada com calma
Onde argamassa é a alma
Que na arte se eterniza.

Recife, 16 de agosto de 2009.

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